Cegueira

Sempre que um humano pára para pensar ele tenta abranger todas as possibilidades, todas as conseqüências dos seus atos e dos outros ou, no mínimo, mais ou menos o que se esperar deles.

Tenho plena certeza que isso é algo da qual eles se orgulham, e muito, quando acertam. E vale da mesma forma aos que acreditam nos instintos, sorte, intuição e sentidos extras - não só na razão bruta. É legal para eles sentirem o gosto da vitória sobre o destino, do controle e da pseudo-onisciência, por mais ilusório que seja.
Porém, quando erram é um momento de revelação. E afirmo que é o momento mais lindo de todos. É quando percebem por uma fração de tempo que o improvável acontece. Nesse momento os limites do possível se alargam, tornando-se milhares de vezes maiores do que eles conseguiam perceber. Suas mentes se transformam em algo entre bolinhas de gude e isopor, passando por pasta de dente e talvez um sofá, durante o processo em que compreendem sua inferioridade diante da imensidão das improbabilidades de um universo quase infinito tridimensionalmente. É lindo, bonito mesmo. Mesmo que não se diga isso olhando apenas para a face deles.


O fato é que eles enxergam três dimensões, se movem em quatro (uma delas com direção e sentido naturalmente imutáveis, o Tempo - mas ilusório quanto ao módulo) e tentam pensar em cinco, a dimensão das probabilidades. Só nessa matemática louca já se percebe como é complicado para eles tentarem antecipar as coisas. Eles não são cegos de nascença, mas criam bloqueios logo cedo para não acabarem enlouquecendo (ver infinitos mundos, com infinitos meios de sair de um útero, de diferentes perspectivas tempo-espaciais, assusta qualquer um - daí o choro incessante). Sendo assim, criam limites até certo ponto e dentro desse espaço mental constroem sua projeção de mundo. Cada vez que esses limites são quebradas se dá pelos erros cometidos ao tentar manipular mentalmente as probabilidades fora do seu mundo.

A diferença deles para com os outros animais terrestre é que eles tentam e tentam prever as conseqüências para se sentirem felizes ao final (não pelo prever em si, mas conseguir chegar às possibilidades mais favoráveis). Os demais animais simplesmente o são no presente e ponto. Ou seja, são cegos que saem tropeçando por aí em busca das chaves do carro para darem uma volta, ir ao cinema talvez, enquanto folheiam uma revista de moda ou de design de interiores, segurando velas por estar muito escuro no celeiro. E os demais animais vão andando aproveitando a brisa fresca de uma tarde de domingo no Outono, sem se preocupar se estão vestidos ou não.


Não lembro direito onde queria chegar, mas tem alguma coisa bem legal para se tirar desse texto para compreender e aproveitar da melhor forma possível o seu humano.

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