Timing

Para evitar desapontamentos e frustrações, e conseqüentemente fúria e processos judiciários contra minha pessoa, esclarecerei algumas questões envolvendo os seres humanos e o Tempo.

A primeira coisa já foi publicada aqui mais de uma vez e se refere à estupidez que é a insistência deles em tentar medir o tempo. Tempo é tão ilusório que só eles mesmo para calcularem suas vidas em algo assim. Falar que o pós-horário de almoço de Domingo no meio das férias deve ser medido na mesma escala (as tais horas, minutos e segundos, marcadas em relógios de pulso) que a manhã de uma Segunda-feira na hora do rush - quando faltam 15 minutos e 27 segundos para se chegar num lugar que normalmente se leva 23 minutos e 19 segundos (já contando com o limite do limite de atraso) - é ilógico.
É claro, para qualquer ser filogeneticamente mais desenvolvidos que orquídeas de plástico - se o dia para elas não passasse sempre como uma tarde de Domingo nas férias -, que estas concepções são coisas distintas. Mas é um conceito natural a eles - assim como a idéia de sempre ser puxado a 9,8m/s² para baixo - que o relógio, algo tão simetricamente sempre igual, não possa estar errado. Isto é, crêem neles mesmo sabendo que os relógios que medem o espaço temporal decorrido na movimentação dos astros tenham sido regulados pela movimentação desses mesmos astros, que ficam soltos num espaço vazio em que a todo momento sofrem influência de forças gigantescas acelerando-os em todas as direções possíveis, com pontos de referência móveis que em sua maior parte já inexistentes no Presente do Universo.

A segunda coisa se refere à Lei da Inércia da Procrastinação (ou Ausência de Motivação). Ela pode ser resumida na seguinte frase: 'Um ser humano em procrastinação tende a permanecer procrastinando até que uma motivação externa interfira na sua ação.'
O tempo como ferramenta psicológica é um excelente motivador. Se o humano acha que o tempo existe de uma certa forma, ele próprio existirá assim e produzirá nessa escala imaginária.

Uma terceira coisa é relacionada às duas acima, e é uma dica importante para o melhor desempenho de seu humano: A quantidade de tempo que um ser humano acha que tem para fazer algo é inversamente proporcional à quantidade de atividade que será realizada.
Normalmente ele simplesmente percebe em cima da hora que há coisa a serem feitas e tempo quase nulo para realizá-las. Conseguindo concluí-las todas com uma velocidade inexplicavelmente alta. (Já há estudos no campo de tecnologia de propulsão de naves para tentar aproveitar esse boost de velocidade para mover de maneira mais eficiente os veículos e afins.)

Portanto, conseguir que seu humano faça algo de imediato é uma questão de timing, dê-lhe a tarefa no momento em que ele parecer mais ocupado (mas avalie bem a ocupação dele, a procrastinação é terrivelmente camuflável). Haverá xingamentos, já aviso, mas o trabalho é eficiente.


Obs: É difícil não ser contraditório ao falar sobre o tempo usando uma linguagem baseada na inefabilidade do mesmo.

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