Concluindo o ano, com atraso

Bem como qualquer país de terceiro mundo, a humanidade é um lugar incrível de se visitar, mas improvável de se querer habitar. Só sobrevivem mesmo os já adaptados.

Com o fim do ciclo solar deles, muito barulho foi feito, muita bebida foi consumida, muitas felicidades e fatalidades lembradas, desejos - infundados - de que o próximo ciclo seja melhor (usados para quebrar o gelo com familiares há muito esquecidos) e mais bebida consumida levando a mais barulho sendo feito.

Os seres humanos têm essa tendência a desejarem. Para si ou para os outros, eles desejam coisas imateriais que acreditam existir. 'Amor, saúde, paz, sorte e felicidade', sempre as mesmas cinco palavras - em ordens diversas - quase que mecanicamente.

Não sei quantos deles já pararam para pensar no que dizem enquanto reproduzem esse costume. Certamente são poucos.

Continuando, essa mania de desejar sempre está associada à tal da esperança. Essa imortal figura que na verdade é a única que morre. Com o fracasso da esperança, o conformismo toma conta de forma tão sutil que não se define o início de um e fim do outro.

Diz-se dos seres humanos como sendo os únicos seres terrestres com capacidade de prever sua própria morte. Antes disso, digo que é o único ser capaz de prever a morte de sua própria esperança.