Sincronia

Uma vez estabelecido o que chamam de 'vida' em seus corpos, os seres humanos passam a seguir a dimensão retilínea do tempo por inércia das probabilidades. Acontece de vez em quando desses caminhos entrarem em sincronia uns com os outros, levando-os a se encontrarem.

Essa sincronia pode durar alguns segundos, como uma entreolhada rápida num corredor, seguida de um sorriso tímido. Pode levar alguns minutos, como uma chata situação de pessoas com uma falsa intimidade que se trombam acidentalmente numa fila qualquer. E pode acabar delas ficarem presas num ciclo de encontros sucessivos, deixando bem confusos aqueles que o percebem.

É interessante observar esses ciclos. É possível assisti-los como se fossem um seriado, uma novela, uma historinha ou como o que quer que tenha metaforizado. Basta eleger um personagem principal e começar a traçar a linha de encontros dele. Verá que acontecerão 'ondas' de aparições de uma mesma pessoa durante um período. Com a mesma velocidade com que essa pessoa surgiu ela desaparece da linha que o personagem principal está seguindo, dando espaço a outros coadjuvantes a fazerem uma pontinha no episódio seguinte.
Claro que até com a cognição humana se pode antecipar as probabilidades de um encontro, mas saindo da sincronia, as mais incríveis improbabilidades acontecerão para que um encontro não ocorra.

Bem como numa dança, cada uma das partes num encontro tem seu ritmo, e é o ritmo particular a cada ser humano que vai definir a afinidade dos encontros. Esse ritmo pode ter vários outros nomes: química, aura, espírito, personalidade, energia, etc., todos se referindo à compatibilidade do par.

É complexo lidar com essas características dos seres humanos. Por um lado, pode ser que duas pessoas tenham uma sincronia perfeita, sempre estão lado a lado, mas falta ritmo a eles, ocasionando uma sensação desagradável de perseguição. Por outro, o ritmo deles pode ser impecável, mas sem sincronia pode ser que nunca se encontrem.

2 comentários:

lexis disse...

Quem você anda perdendo, Sr Arth?

Pedro Obliziner disse...

dude, o acaso é a coisa mais linda do mundo